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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Série Diálogos - "A gente se acostuma..."


Ela: Assisti ontem o Abujamra recitando Marina Colasanti.  A gente se acostuma... eu não quero me acostumar.

Eu:  Tem coisas que a gente pode se acostumar, tem coisas que não... Não trabalho com regras.

Ela: Isso é bom. Ou melhor, seria bom, se fosse verdade. Regras são para serem quebradas! Mas não acredito em você. Acho que você é uma fraude. Você trabalha com regras, regras diferentes, suas regras, mas eu gosto disso. E gosto das falsas verdades que você fala. Você é cheio das falsas verdades. Elas não são mentiras, mas são falsas verdades. E eu não quero me acostumar, já disse.

Eu: Hum... Pode ser. Normalmente eu ia ficar puto ouvindo isso, mas vindo de você, agora, não tenho como dizer que você não esteja certa.

Ela: Eu sei. Eu sempre estou. Você sabe...

Eu: Falando em verdade, a verdade é que eu acho um elogio quando você percebe que as falsas verdades que eu digo não são mentira. Só os inteligentes, e são poucos, percebem isso. Eu sou uma fraude e me orgulho disso. Sempre achei maneiro cagar regra sobre coisas que eu realmente não me importo. 

Ela: Vcoê fala pra caralho e não diz nada... 

Eu: Mas é... O mundo inteiro é uma mentira e eu me considero uma mentira sincera.  Ou será que eu estou mentindo pra mim? A verdade é que eu só não gosto do generalismo. Ainda mais quando sou eu que faço, mas o mundo inteiro é uma mentira. Mas, se é pra mentir, e todo mundo mente, aprendi isso vendo House, que seja sobre coisas diferentes.Um mentira inédita demora mais a ser descoberta. 

Ela: Ou não... Fodam-se as suas mentiras. Você fala demais. É prolixo demais. Tem gente que te acha chato demais... As vezes eu acho... Mas as vezes é bom entrar nessas viagens suas, principalmente para as pessoinhas de cabeça vazia... Mas esse seu blablabla não levam ninguém a lugar nenhum. Você sabe disso, né?

Eu: Não leva? Depende de aonde você quer ir. Tem uma ou outra que eu levo. Mas, não tenho a intenção de levar ninguém a nenhum lugar...

Ela: To com uma vontade imensa de viajar... adoro aquela sensação de sair, de conhecer o novo, de não saber o que pode acontecer, mas que venha o que tiver que vir. Vontade de praia do nordeste, moqueca de peixe, rede na sombra do coqueiro e água de coco gelada.

Eu: Viaje. Viajar é bom. Mas isso assim parece uma fuga. Você está fugindo?

Ela: Não sei. Você está?

Eu: Talvez. Fugir é diferente de buscar, né? Mas as vezes pode ser meio parecido. Achava que eu estava fugindo de algumas coisas, mas de vez em quando me percebo buscando outras. E tem vezes que eu me vejo buscando algumas coisas quando na verdade estou fugindo de outras. Tenho dificuldade de saber onde estou. E acho um saco ficar me analisando de instante em instante... Pra isso eu pago a análise...

Ela: Eu queria viajar. Preciso de novos ares. Buscar algo ou fugir disso aqui. Estou cansada...

Eu: Viajar é também uma expressão de solidão. Nada mais solitário que um viajante...

Ela: É verdade, mas também depende da viajem. Viajar acompanhado é bom demais! Eu gosto.

Eu: Mesmo viajar \acompanhado. Há, quando a gente muda de cenário de fundo, muda de lugar, fica longe de casa, uma solidão que nos acompanha...

Ela: Ah, mas essa solidão nos acompanha do nascimento à morte, viajando ou não.

Eu: Sim, mas uma certa dose de rotina nos distrai dessa solidão. A mesma rotina que, em outras questões, nos sufoca. É preciso, sempre e para tudo, buscar o equilibrio. Mas, definir e saber onde está esse equilibrio é que são elas. O equilibrio é uma utopia.

Ela: Você e suas falsas verdades... Chato. Só Buda achou o equilibrio

Eu: Cada um tem o seu. Ou ninguém o tem... Buda sempre me lmebra bunda. O equilibrio da bunda é o cu? Pronto, acabou a seriedade. Deixa eu ver sua bunda? Gosto dela. Ela gosta de mim.

Ela: Gosto de você gostar da minha bunda. E gosto de pensar que não é só dela, mesmo não tendo muita certeza disso. Mas, das minhas preocupações agora, essa é a menor. E, sei lá como, eu até gosto de você. Gosto até da sua seriedade equilibrada com essas besteiras, se não tudo fica muito pesado e chato. Alias, você é chato e é pesado e eu até gosto de você. Isso é impressionante. Acho que sou eu que preciso de terapia.

Eu: Acho que você precisa de sexo. Mais um pouquinho.

Ela: Sempre preciso. Tem vida em você ainda? Qualquer coisa eu me viro...

Eu: Quase. To me recuperando, mas já dá pra começar a brincar. Tem coisas que a gente se acostuma. Me manda o link do Abujamra?

Ela: Depois... Vê cá agora... Deixa de ser chato e para de falar. Você precisa aprender a calar a boca de vez em quando. Me come de novo?

Eu: Como. Mas você falou que não quer ser acostumar.

Ela: Falei? Não lembro. Me come?


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