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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

É hoje.





Desenferrujar as articulações das mãos e abrir a janela da imaginação. Deixar os sonhos voarem novamente. Escrever. De novo. Ou ainda. Colocar na página em branco as ideias e as tormentas, as fantasias, devaneios, angustias e o que mais vier. É hoje vamos desenferrujar a imaginação e ressuscitar um Mário que há muito me faz falta.

Vamos!

domingo, 3 de março de 2013

Eu quis você.


Eu quis você. Quis você toda, inteira. Ou em partes, se de você eu só tivesse partes. Eu quis tudo.  Do jeito que fosse. Se fosse. E tudo era aquele todo que eu poderia ter. Quis desde que eu te vi. Quis mais quando te vi falar. Quis mais ainda quando te vi fugir. Quis tanto você no seu beijo, na sua lágrima e no seu sexo. E te quis quando você não fugiu mais. E mais agora, quando você está prestes a fugir novamente.

Eu quis tanto que você fosse o meu encontro e você quis ser meu desafio. E que, te querendo, te aceitei como era. Quis te dar o que era eu. Nunca quis mais do que você é, nem quis te dar algo que eu não tenho, mas o que eu tinha, tinha para te dar.

Eu quis te dizer pra pegar todos os pedaços que você já perdeu na vida, juntar tudo e vir. Vir, do jeito que desse e pra qualquer lugar. Era simplesmente vir.  Eu quis te pedir pra tentar, mas não consegui, pois não quis te pressionar. Eu quis que fosse no seu tempo, mesmo que eu perdesse o meu. Eu quis perguntar o que você queria mas não quis escutar a resposta que você me daria.

Eu quis te beijar, eu quis te comer, eu quis te amar e quis te odiar. Eu quis te matar e quis ir embora. Eu nunca quis te explicar, nem quis te entender e sim te aceitar e te sentir. Eu quis desistir, quis fugir antes de você fugir . Eu quis conseguir. Como eu quis. Eu quis  ter mais calma e menos urgência. E quis te querer menos. E quis estar são. E quis não ficar doente de tanto querer.

Eu quis uma noite inteira e um sem hora pra acordar.  E quis que houvessem muitas dessas noites. E muitas horas. Eu quis que desse certo, sendo que nunca soube ao certo o que era dar certo, mas acho que já teria dado certo se você estivesse estado ali mais um pouquinho. Talvez dois séculos a mais ou mais dois dias. Eu quis você por dois séculos e dois dias e quis ter mais tempo para te querer.

Eu quis você e quis que você me quisesse.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Poltrona vazia

E de repente eu cismei que o amor da minha vida ia, de repente, sentar ao meu lado na poltrona do avião. 

Era uma brincadeira, uma piada, ou apenas um desejo de que sentasse ali uma mulher linda e interessante. Mas, nas três horas de vôo, eu me recenti da cadeira vazia, fui murchando, ficando pequendo,  pensando se eu de alguma maneira nasci para o amor. Ou se o amor nasceu para mim. A poltrona vazia da fileira 13. Deu defeito.

Pensei no porque de tanta insistência em querer sentir-me amando. E não é sentir-me amado. É amando. A questão é a necessidade de sentir, de ter alguma coisa que aperta no peito, alguém que preencha (não sei o que), alguém que se sinta saudade e que se reconheça. Coisas do gênero, entende? Mas sempre no sentido de dentro pra fora, de dar. É nisso que eu insisto. E não tenho idéia do porque.  E pensei também em quantas mentiras eu já não inventei por querer sentir qualquer coisa. Eu já menti tanto que eu nem sei se já senti de verdade alguma coisa. Mentiras para mim. Só para mim. As outras mentiras são de outro texto. Ou não. Claro que eu já amei, eu acho. Mas mesmo assim, invento muito. E o amorzinho vira o maior amor do mundo... Enfim...

De novo, eu cismei. E do lado da poltrona vazia do avião, precisei sentir-me amando, mesmo que o vazio. Só porque o filho da puta aqui cismou. E por cismas, me coloquei em muitos desencontros e  desassossegos, sempre desnecessários. Ou quase. Sonhos e ilusões. Amor, mesmo inventado, é bom. Melhor que o vazio. 

Não nasci para amar. Ainda.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cicatrizes


As cicatrizes que carrego estão todas aqui comigo. Elas estarão sempre aqui. Sempre. E é estranho olhar uma cicatriz antiga e não lembrar o que a causou. São raras as que eu esqueci o motivo. Tenho uma, na mão, que é de uma briga, acho que a única briga que tive. Cada vez que eu lembro da história dessa briga, o que eu lembro mesmo é da maneira que contei pela última vez a história dessa briga. Da briga, em si, eu já não lembro mais, mas a cicatriz está lá para que eu não esqueça.
Toda cicatriz tem sua história e toda história tem suas versões. A única coisa que resta, de real, de tangivel, de palvável, são sempre as cicatrizes. O resto é o resto. São memórias que nem sempre são fatos. São as cicatrizes que nos moldam e nos limitam.
Meu coração tem muitas cicatrizes. A maior parte causada por mim mesmo, seja por guardá-lo em caixas muito apertadas, seja por dá-lo a quem não sabe como cuidá-lo. Eu queria dizer que ele nunca mais vai sofrer. Queria que ele se aquietasse e passasse de se apaixonar pelas belezas da vida, pelas coisas simples e inofensivas. Mas, ao mesmo tempo, a cada pedaço que meu coração perde e a cada cicatriz que eel ganha, ele fica melhor. E sim, há muito o que melhorar.
Portanto, sigamos em frente, sem olhar para trás, de cabeça erguida, ostentado mais uma cicatriz que um dia virará memória.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Até o caroço

Gosto.
Gosto do gosto.
Mesmo com desgastes,
mesmo depois dos desgostos.
Não desgosto, gosto.
Gosto do gostar.
Gastar meu gosto por desgastados desgostos.
Esgotos.
Esgotar cada gota de possibilidade.
Gosto com gosto.
Gosto até gastar.
Gosto do seu gozo.
Gozo com seu gozo.
E gozo, mesmo sem seu gozo.
Porque gosto.
E gosto de gostar.
E gosto até acabar.
Gosto até que vá para o esgoto.
E se esgote o gosto.
Desgastado.