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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Amigos, obrigado.


Das poucas coisas que aprendi na vida, foi como é bom ter amigos por perto. Acho que isso todo mundo sabe, né? Faço questão, me esforço, para ter amigos por perto, mas meus amigos sabem, e como sabem, o quão ausente e distante eu fico às vezes. Mas aos amigos de verdade isso é uma distância só física ou temporal. Há coisas construídas que resistem à distância e ao tempo, e ai penso em algumas amizades. Mas é evidente que, já escrevi isso aqui, há alguns desses amigos que caminham em paralelo a gente, ficam longe a distância de um braço ou de um telefonema a qualquer hora. Mas não era isso exatamente o assunto...

Das poucas coisas que aprendi na vida, foi a reconhecer amigos. Não, não faço amigos em um dia, nem em dois. Não sei em quanto tempo eu viro amigo de uma pessoa. Não tenho manual.Mas tenho sim uma facilidade quase intuitiva de reconhecer amigos. E acho que, de certa forma, todos tem. Ou deveriam ter. Mas não era isso exatamente o assunto...

Das poucas coisas que aprendi na vida, foi que, apesar de saber que é bom ter amigos por perto e de saber reconhecer amigos, amigos mesmo, daqueles que você sabe vão estar lá com você na fila do geriatra, esses eu tenho poucos. Mas acho que todo mundo tem poucos amigos desses... Conheço muita gente, sei ser simpático, atencioso, legal, mas em geral estou sempre vestido de “armaduras sociais”, camadas protetoras (as vezes protetoras para mim, as vezes paras as outras pessoas!) e são poucos os que vêem além dessas camadas. Mas isso deve ser normal. E dito isso, eu posso finalmente adentrar ao assunto.

Aprendi, a muito custo, a escutar meus amigos. E escutar é muito distante de concordar. Muitos falam e é comum as pessoas terem opinião sobre tudo, sobre todos. Quase sempre, quando falam, falam da sua própria opinião, do problema sob seu ponto de vista, sob o sua capacidade de percepção seu ponto de vista. Aprendi que somos assim, eu sou assim, e que não há nada que possamos falar que não passe pelas nossas censuras. Acontece, entretanto, que nem sempre a censura, a compreensão do outro passa ou equivale pela nossa censura ou compreensão.

Confuso isso...  vou tentar de um outro jeito. Amigos são pessoas que confiamos e, quando eles nos falam, nos advertem ou têm preocupação conosco, nós os escutamos. Porém, há em nós um conjunto de valores e crenças que nos faz, a todos, diferentes. Reagimos de forma diferente a um mesmo estimulo. Animal Planet. É preciso, de algum jeito, entender que o que nos dizem os amigos precisa de uma edição “interna” para que possamos realmente escutar aquilo que nos dizem... Confuso isso ainda. Vou tentar com um exemplo...

Imagine que você está triste, magoado e que, você sabe, precisa de um ombro e um abraço. Daí, você vai procurar esse ombro e esse abraço em um amigo. Ele, ao lhe ver magoado e triste, no lugar do abraço, fica puto com que o magoou. Esbraveja, enumera uma dúzia de verdades e tal. Aquilo bate em você de uma forma estranha. Independente de ser verdade, provavelmente é e ele tem razão de estar puto, você pode se agarrar àquele ponto de vista que não era seu simplesmente porque você, precisando somente de um abraço, vai se agarrar a qualquer coisa que lhe derem. Mas, no fundo, você já sabia, o que você precisava era só de um abraço. E vai continuar precisando. Você talvez não soubesse que seria bom também ficar puto. E é pra isso que servem os amigos!

Outro exemplo: você não está bem, sem saber se vai pra cima ou vai pra baixo, se casa ou se compra uma bicicleta. Daí vem aquele amigo e fala que é obvio que você tem que comprar uma bicicleta. Isso porque era o que ele faria. Todo mundo fala “se eu fosse você...”, mas quase ninguém sai realmente de si e projeta-se no outro. Ele compraria uma bicicleta e ele tem as razões dele pra isso e não dá pra afirmar que as razões dele seriam as suas. Não é por mal isso, mas é como as pessoas são. Eu, inclusive.

Brinco que eu recuso conselhos, que se eles fossem bons, me seriam vendidos. Mas não é verdade. 
Escuto-os, sim, mas do meu jeito. E muito atentamente, tentando ver, além das razões e dos motivos, se aquilo que me é dito é algo que é dito como se quem fala estivesse realmente no meu lugar. Observando se eu pensaria realmente naquilo, naquele momento mesmo, se aquela opinião tem mágoa ou raiva ou emoção própria daquela pessoa. Escuto, mas escuto com um filtro. Escuto, sabendo que não vou escutar soluções de fatos, mas sim a voz de pessoas queridas. Escuto sabendo que soluções estão dentro da gente e que os conselhos de amigos são carinhos que muitas vezes nos fazem ver essas soluções mais facilmente.

Dito isso, vamos ao mais importante. Amo meus amigos e queria agradecer a paciência que eles têm comigo, aos conselhos e broncas que recebo, aos abraços e carinhos, aos risos e as velhas piadas sem graça da qual ainda rio, aos afastamentos necessários e períodos de convivências intensas, às histórias compartilhadas, à felicidade aumentada pela razão de nos vermos, uns aos outros, felizes, às ligações que recebo na hora exata que preciso, às ligações que queria atender e não consigo, à simples e grandiosa oportunidade de compartilhar o tempo com vocês.

Amigos, muito obrigado!

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