Eu quis você. Quis você toda, inteira. Ou em partes, se de
você eu só tivesse partes. Eu quis tudo.
Do jeito que fosse. Se fosse. E tudo era aquele todo que eu poderia ter.
Quis desde que eu te vi. Quis mais quando te vi falar. Quis mais ainda quando
te vi fugir. Quis tanto você no seu beijo, na sua lágrima e no seu sexo. E te
quis quando você não fugiu mais. E mais agora, quando você está prestes a fugir
novamente.
Eu quis tanto que você fosse o meu encontro e você quis ser
meu desafio. E que, te querendo, te aceitei como era. Quis te dar o que era eu.
Nunca quis mais do que você é, nem quis te dar algo que eu não tenho, mas o que
eu tinha, tinha para te dar.
Eu quis te dizer pra pegar todos os pedaços que você já
perdeu na vida, juntar tudo e vir. Vir, do jeito que desse e pra qualquer
lugar. Era simplesmente vir. Eu
quis te pedir pra tentar, mas não consegui, pois não quis te pressionar. Eu
quis que fosse no seu tempo, mesmo que eu perdesse o meu. Eu quis perguntar o
que você queria mas não quis escutar a resposta que você me daria.
Eu quis te beijar, eu quis te comer, eu quis te amar e quis
te odiar. Eu quis te matar e quis ir embora. Eu nunca quis te explicar, nem
quis te entender e sim te aceitar e te sentir. Eu quis desistir, quis fugir
antes de você fugir . Eu quis conseguir. Como eu quis. Eu quis ter mais calma e menos urgência. E quis
te querer menos. E quis estar são. E quis não ficar doente de tanto querer.
Eu quis uma noite inteira e um sem hora pra acordar. E quis que houvessem muitas dessas
noites. E muitas horas. Eu quis que desse certo, sendo que nunca soube ao certo
o que era dar certo, mas acho que já teria dado certo se você estivesse estado
ali mais um pouquinho. Talvez dois séculos a mais ou mais dois dias. Eu quis
você por dois séculos e dois dias e quis ter mais tempo para te querer.
Eu quis você e quis que você me quisesse.