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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Poema pós “O amor é fodido”, de Miguel Estevez Cardoso. (08-jun-2001)




Por que me sinto tão só quando estou comigo mesmo?
O mundo, grande mundo, parece pequeno
diante do infinito da minha solidão,
tão cinza, tão cinza, tão azul...
teus olhos, azuis, imensos e distantes.

Há pessoas e o resto
e o resto parece ser tanto
que não há pessoas então.
O resto é o resto
e  o que sobra é a tal da solidão.

Há sons, luzes e, ao fundo, canção.
É como a vida na televisão.
E, como na televisão, tudo tão irreal e vão.
Uma dose de realidade em uma garrafa de ilusão.
E eu, bêbado nos alucinotrópicos e afetaminas da minha solidão.

E essa madrugada não avança ao dia...
Fico cá eu notívago a destrinchar-me
e a descobrir a ti dentro de minhas saudades
com teus olhos, azuis, imensos e distantes,
brincando e atiçando minha insônia.

Penso as vezes dar-te rosas
na esperança de te ver cortando-se nos espinhos.
Separando-se, em sangue, de mim.
Em meio segundo tenho pena. De ti.
No outro, tenho raiva. De mim.

Por que não me basto?
Por que me sinto tão só quando só me tenho?
Nesse mundo imenso, tão pequeno...
tão pequeno pra mim
tão pequeno pra mim sem você.

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