A palavra sim quando diz não,
taciturna dúvida, duvida
e, lentamente, devorado pela angustia,
morre-se à sombra de um talvez..
O talvez dito por um sim,
eufórica alegria muda, não muda
a incerteza do “e se”
e morre-se à beira de um porquê.
Qualquer porquê se cala,
fica mudo em sua solidão,
a ceder-se em não, em sim, talvez
e morre-se no enigma de um porém.
A palavra sim quando porém,
vento a brincar com dunas e donas,
levantando saias, destruindo montanhas,
soterra qualquer resquício de certeza
e morre-se na esperança de um será.
O sim se fazendo não,
a aceitação do desejo indesejável,
na timidez denunciada do palpitante coração
vira tenra felicidade escorrendo pelas mãos
e morre-se aos pés da mais injusta aflição.
Finge vôo qualquer senão
travestido em infinitivos toscos,
anuvia a tentativa de um embaraçado ímpeto
e morre-se sob o véu da luz de uma lua,
grande lua só, sem estrelas.
Fez-se verbo quando o silêncio tudo dizia,
e fez-se tempestade, destruidora de castelos,
semeadora de campos, máquina de sonhos.
Saborosa ilusão,
que mata, sem talvez nem perdão,
dia sim, dia não.
ML
24/07/2003.
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